
a língua pelos lábios, estão magoados. às vezes
penso que fui uma esfinge diabólica, uma clarabóia
de uma sala barroca sem, masculina ou feminina,
vontade de estar. são as vezes que tenho, mais nada.
sinto um hálito no meu pescoço, o rumor de uma cortina
de chuva, caindo na minha pele, alucino?
ele é uma pergunta, um ciclo do qual me esqueço sempre.
é uma peça que ainda não reconheço, entristece-me
vê-la. gostava de ser aquela árvore que está ali, ou a sua sombra.
nelas estaria a salvo. não tenho fome, o meu estômago
está alienado pelo pensamento, talvez nem exista já.
brilha nas minhas folhas a felicidade dos pássaros,
ainda que não o saibam, a vida deles é a única,
a que significa realmente a palavra,
limpa de Objectivo, nela não cabe nada
porque não tem espaço.
o meu corpo está adormecido na terra, ainda.
sem mistério, o sentido é para dentro.
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