segunda-feira, 26 de outubro de 2009



irmã,
os corpos estão cansados. na escuridão, iluminados
por uma fome incompreensível. bebemos de um charco,
eliminámos uma sede sem reflexo, na escuridão,
cercados pela questão sempre inacabada,
pelo silêncio, que nunca devolveu a resposta.

os corpos estão muito cansados, repousam
nas margens de um quadro que não tem dimensão,
nas faixas brancas, onde o outro que somos
ainda é ausente, as suas sombras diluem-se
pelas fissuras no cimento, como se fossem engolidas,
sugadas por qualquer coisa de dentro da própria terra,
não são tão importantes assim.

irmã, na infância não encontro nenhuns pedaços,
nada que tenha resistido, tudo é plano quando regresso,
como se a criança que antes era continuasse a viver,
sem tempo, sob o meu olhar.

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letra

  • Antes que Anoiteça - Reinaldo Arenas
  • A Raposa Azul - Sjón
  • o ano da morte de ricardo reis - José Saramago
  • estorvo - Chico Buarque
  • Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
  • o rei peste - Edgar Allan Poe
  • dom casmurro - Machado de Assis
  • a subjectividade por vir - Slavoj Zizek
  • a campânula de vidro - Sylvia Plath
  • o assalto - Reinaldo Arenas
  • xix poemas - e.e. cummings
  • Vigílias - Al Berto
  • pastagens do céu - John Steinbeck
  • Pela Água - Sylvia Plath
  • Budapeste - Chico Buarque
  • O homem duplicado - José Saramago
  • O nome da rosa - Humberto Eco
  • O retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde
  • 1984 - George Orwell
  • Ariel - Sylvia Plath
  • Mrs Dalloway - Virginia Woolf