sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Vértigo

Aqui onde os corpos são planos
construí a minha arca da aliança: receptáculo,
oratório, reservatório: aqui, onde a luz atinge
a torre, a minha cabeça, tenho um vazio
estomacal, uma sombra de luz. Não tenho onde
construir-te, física e espectacularmente, apenas
os pilares da minha memória, a subjectividade
de cada lobo, a complexidade de cada sinapse.
Aqui. Nos meus braços tenho as marcas da tua
passagem, da tontura branca que deste e deste e deste
sempre, ininterruptamente, veloz. Se pudesse criar
um mundo, um outro, tu serias a vertigem inata,
do meu corpo contra a gravidade.
Aqui, as horas são recém-nascidas e o tempo é sempre
mais do que aquilo que quero. Onde plantar a semente
(tua) que trago debaixo da língua?
Entre as lágrimas do teu corpo e a saudade.

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letra

  • Antes que Anoiteça - Reinaldo Arenas
  • A Raposa Azul - Sjón
  • o ano da morte de ricardo reis - José Saramago
  • estorvo - Chico Buarque
  • Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
  • o rei peste - Edgar Allan Poe
  • dom casmurro - Machado de Assis
  • a subjectividade por vir - Slavoj Zizek
  • a campânula de vidro - Sylvia Plath
  • o assalto - Reinaldo Arenas
  • xix poemas - e.e. cummings
  • Vigílias - Al Berto
  • pastagens do céu - John Steinbeck
  • Pela Água - Sylvia Plath
  • Budapeste - Chico Buarque
  • O homem duplicado - José Saramago
  • O nome da rosa - Humberto Eco
  • O retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde
  • 1984 - George Orwell
  • Ariel - Sylvia Plath
  • Mrs Dalloway - Virginia Woolf