
no caminho vê-se
ao longe a grande casa onde nasci
onde os prados entravam pela janela
e consumiam
religiosamente
a minha pele
rasa
pálida
embrionária
eu sinto
longinquamente
que já nada me pertence
que os olhos das rosas
estão vazios
murchos
e que os segredos se perderam
no meio das folhas
das árvores mais baixas
nos cheiros
escondidos das mimosas
uma voz chama
lá
por um nome que me é familiar
mas já não sou eu quem passa
neste caminho
engolido pelas raízes.
(fotografia: Joana Moreira)
2 comentários:
muito bom!
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