irmã, os corpos estão cansados. na escuridão, iluminados por uma fome incompreensível. bebemos de um charco, eliminámos uma sede sem reflexo, na escuridão, cercados pela questão sempre inacabada, pelo silêncio, que nunca devolveu a resposta.
os corpos estão muito cansados, repousam nas margens de um quadro que não tem dimensão, nas faixas brancas, onde o outro que somos ainda é ausente, as suas sombras diluem-se pelas fissuras no cimento, como se fossem engolidas, sugadas por qualquer coisa de dentro da própria terra, não são tão importantes assim.
irmã, na infância não encontro nenhuns pedaços, nada que tenha resistido, tudo é plano quando regresso, como se a criança que antes era continuasse a viver, sem tempo, sob o meu olhar.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
a morte: primeiro minuto
Neptuno ou outro planeta, luz azul ao fundo, os meus pés são dois arados enferrujados, já só sinto um leve torpor, o ardor dos outros anos já não tem lenha. Venha neptuno ou outro, que, com alvéolos brancos e limpos, consiga ligar novamente todos os meus pedaços, façanha menor, os remendos são usados. Verdadeiramente, não vem ninguém. aqui estou submerso, nesta linha tão fina, desfiz a bainha do tempo, desse tempo perverso, que vasculha as minhas entranhas, é estranha a comida que pede.
Já não quero saber, neptuno, plutão, ou outro, Outro qualquer, satélites talvez, algum que seja, pequeno, não faz mal. Talvez tenha ainda solução, lenha, não, não, não suporto mais Arder.